Numa noite que prometia risadas e entretenimento, o inesperado aconteceu. Thammy Miranda, figura conhecida por sua luta e representatividade, encontrou-se num impasse ao ser anunciado de forma desrespeitosa no programa do Ratinho, no SBT. O episódio, que deveria ser mais um na vasta carreira do apresentador, acabou se tornando um palco para a repetição de um ato que, infelizmente, não é novidade: a transfobia.
O clima esquentou quando Ratinho, em uma tentativa de ser engraçado, acabou cruzando a linha do respeito. “Eu não sei se ele ou ela. É ele, né? É ele! É o Thammy! Agora ela tem barba, né?” Essas palavras, ditas em tom de brincadeira, ecoaram pelos estúdios e chegaram até Thammy, que estava prestes a entrar no palco. Mas, diante da situação, ele fez uma escolha: não entrar. Não dessa vez. Não dessa maneira.
“Eu me senti um pouco desrespeitado com o começo do programa. Achei desnecessário, um tipo de brincadeira que não cabe mais,” desabafou Thammy nas redes sociais, ecoando o sentimento de muitos que ainda lutam por respeito e compreensão em uma sociedade que, vez ou outra, parece dar um passo para trás.
Esse episódio não foi um caso isolado. Ratinho já havia sido acusado de comentários transfóbicos anteriormente, inclusive envolvendo Thammy e outras personalidades, como Pabllo Vittar. “Ganhou como Melhor Cantora [Pabllo], mas não é cantora. É cantor. Quem tem saco é cantor. Agora o homem mais sexy é a Thammy? Ela não tem saco,” foram palavras ditas pelo apresentador em 2018, mostrando que o preconceito não escolhe momentos para aparecer.
A saída de Thammy da entrevista não foi apenas um ato de protesto individual, mas um grito coletivo por respeito, dignidade e compreensão. Um lembrete de que, em pleno século XXI, ainda há batalhas a serem travadas, diálogos a serem abertos e mentes a serem mudadas.
A resposta de Thammy à situação foi mais do que um simples ato de retirada; foi um posicionamento firme contra a perpetuação de estereótipos e preconceitos que, infelizmente, ainda se fazem presentes em nossa sociedade. “Só peço respeito,” disse ele, resumindo o desejo de muitos que, dia após dia, enfrentam olhares tortos, palavras ásperas e julgamentos infundados.
Este incidente nos faz refletir sobre o poder das palavras e o impacto que podem ter na vida das pessoas. Não se trata apenas de uma piada mal colocada ou de uma tentativa de ser engraçado; trata-se de respeito, de humanidade e de reconhecer o outro em sua plenitude, sem julgamentos ou preconceitos.
A atitude de Thammy ao abandonar a entrevista é um chamado para todos nós: é hora de ouvir mais, de aprender mais e, acima de tudo, de respeitar mais. Cada pessoa é um universo único, repleto de histórias, lutas e conquistas. E é esse tecido diverso que nos faz humanos, que nos ensina sobre a vida e que nos impulsiona a ser melhores a cada dia.
Em um mundo onde a intolerância ainda encontra espaço, ações como a de Thammy são faróis de esperança, mostrando que, apesar das adversidades, é possível sim lutar por um amanhã mais inclusivo e respeitoso. Que o episódio sirva não apenas como um lembrete das feridas que ainda precisam ser curadas, mas também como um convite para que cada um de nós seja parte da mudança que queremos ver no mundo.
Portanto, que a saída de Thammy daquela entrevista não seja vista apenas como um momento de tensão, mas como um ponto de reflexão sobre como podemos, juntos, construir uma sociedade onde o respeito à diversidade não seja exceção, mas regra. E que, da próxima vez que as luzes se acenderem e o show começar, possamos todos celebrar não apenas o talento, mas também a coragem de ser quem se é, sem medo, sem reservas, sem barreiras.
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