Numa pequena comunidade em Santa Maria, Rio Grande do Sul, a tristeza e a perda se manifestam de maneira palpável. No coração dessa tragédia, a família Ulguin da Rocha sofreu um golpe devastador nas recentes enchentes que tomaram conta do estado. Catiane Ulguin compartilha o momento de terror que levou a vida de sua irmã Liane, de 45 anos, e sua sobrinha Emily, que estava às vésperas de seu décimo oitavo aniversário.
“Naquela noite fatídica de 1º de maio, estávamos todos preocupados com as notícias das chuvas, mas nunca imaginávamos que o perigo estava tão perto. Foi só um som, um estrondo ensurdecedor, e então o mundo deles desabou,” desabafou Catiane, visivelmente emocionada.
Segundo relatos da família, o grupo estava reunido em casa, buscando conforto um no outro diante das incertezas causadas pelo clima. O pai, Robson, estava na sala de estar, enquanto o filho mais velho se refugiava em seu quarto, uma parte da casa que, por pouco, não foi afetada pela catástrofe. Liane e Emily encontravam-se nas áreas mais vulneráveis da residência: a cozinha e o quarto da jovem, respectivamente.
“Meu cunhado ainda tentou ver o que causava tanto barulho lá fora. Mal sabia ele que, ao retornar, veria a destruição completa de seu lar. Uma pedra enorme, que mais parecia ter o tamanho de um carro, rolou morro abaixo e destruiu tudo em seu caminho,” Catiane explicou, as palavras pesadas com o peso da perda.
O impacto foi tão violento que não apenas a casa da família Ulguin foi atingida, mas também a residência do vizinho, deixando ambos os terrenos irreconhecíveis. “Da casa, só sobrou o chão,” lamentou Catiane, uma frase que encapsula a magnitude da devastação.
Emily, que sonhava com a celebração de seus 18 anos, foi descrita por todos que a conheciam como uma luz de alegria e esperança. “Ela estava tão animada para a festa que nunca aconteceu. Agora, tudo o que temos são memórias e a dor,” confidenciou Catiane, enquanto lutava para manter a compostura.
Robson e seu filho sobreviveram, mas não sem cicatrizes físicas e emocionais profundas. O filho mais novo foi encontrado sob escombros e lama, salvo por moradores locais que agiram rapidamente. Liane, que era decoradora de profissão, deixou um legado de criatividade e amor, agora marcado pela tragédia.
“Nunca vimos nada parecido antes. Minha irmã e minha sobrinha eram tudo para nós, e em um instante, foram arrancadas de nossas vidas,” Catiane refletiu, uma mistura de incredulidade e tristeza marcando suas palavras.
A comunidade de Santa Maria, conhecida por seu espírito resiliente, agora enfrenta o desafio de reconstruir não apenas suas casas, mas suas vidas. Catiane faz um apelo final: “Que nossa perda sirva de lembrete da força da natureza e da importância de estarmos preparados. Ninguém deveria passar pelo que passamos.”
Esta tragédia serve como um sombrio lembrete das forças imprevisíveis da natureza e da fragilidade da vida humana, ecoando o luto de uma família e de uma comunidade inteira diante de uma perda inimaginável.
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